"Nas sucessivas aparições televisivas de Paulo Pereira Cristóvão, candidato à presidência do Sporting, tenho observado a forma firme como se tem batido contra os prémios que o seu clube (e não só) tem atribuído aos membros da SAD devido à qualificação para as recentes edições da Liga dos Campeões. Pensei um pouco sobre o assunto e, efectivamente, tenho de admitir que lhe assiste razão. Não o conheço (jamais tinha ouvido falar nele antes destas eleições no que ao futebol diz respeito), nem faço a mínima ideia se é o populista que muitos apelidam de Jorge Gonçalves dos tempos modernos. Aliás, penso que as suas hipóteses de chegar ao poder em Alvalade - em luta directa com José Eduardo Bettencourt - são escassas. Mas, reafirmo, neste ponto dos prémios... é difícil não concordar com ele.
Em primeiro lugar, é logo discutível premiar quem, por definição, deve jogar sempre para vencer, para ser o melhor, para ganhar títulos. O processo até poderia fazer algum sentido se, por exemplo, também existisse a possibilidade de penalizar quem não atinge os objectivos. Ora, que se saiba, isso não acontece com os administradores da SAD, nem sequer com treinadores ou jogadores. Por outras palavras, para além de ordenados principescos - quando comparados com os dos cidadãos comuns -, há gente que já sabe que, no final da época, recebe sempre mais alguma coisa. Entendo que os visados apreciem a coisa, mas não me parece que seja uma ideia brilhante aos olhos dos associados.
Mas, se em caso da conquista de títulos, ainda se consegue entender que uma sociedade faça questão de "mimosear" alguns dos seus funcionários, a situação torna-se verdadeiramente absurda quando em causa estão prémios para segundo e terceiro colocados. Dito de outra forma: se os clubes de dimensão mediana e pequena devem ter prémios caso consigam atingir "performances" dignas de realce, jamais concordarei que Sporting, Benfica ou FC Porto gastem verbas com posições que não sejam a primeira.
Em Portugal, sendo certo que têm existido algumas "interferências" nos último tempos, a maioria dos campeonatos termina com os grandes nas três primeiras posições. Quer se queira, quer não, vivemos há décadas com um Camponato Nacional em que só raramente um quarto emblema consegue ludibriar a ditadura dos mais poderosos. Logo, podemos mesmo dizer que há uma prova a três e depois outra para os restantes. Seguindo esta linha de raciocínio, quem ganha é, naturalmente, o campeão; o segundo colocado não passa do "meio da tabela" e o terceiro... é o "último". O Benfica, por exemplo, acabou a recente temporada em terceiro mas, objectivamente, ficou na pior posição provável: atrás dos seus concorrentes directos e à frente dos outros que, como se sabe, valem 1 único título nacional (se o Bovista estivesse na Liga esse total colectivo passava... a 2) em toda a hitória do futebol nacional e gastam uma ninharia comparando com águias, leões e dragões.
Até o segundo lugar - que nos últimos tempos tem sido tão desejado - é uma posição fraquinha. Caso não existisse a actual Liga dos Campeões - que para além da distribuição de verbas chorudas por todos os participantes possibilita que uma equipa que nunca foi campeã nacional possa chegar ao título... europeu! -, gostava de ver os adeptos (e mesmo os dirigentes) dos grandes contentarem-se em ser somente os primeiros dos últimos...
Mas, o mais imoral de tudo isto é saber que SAD's completamente deficitárias, em falência técnica na opinião de muitos entendidos, pague prémios quando, feitas as contas, estão sistematicamente a dar prejuízo. Quando até as contas do FC Porto - que tem ganho campeonatos atrás de campeonatos; que é presença assídua na "Champions", que consegue verbas significativas de bilheteira, transmissões televisivas, publicidade e vendas de jogadores - são preocupantes, imagino o que se passará por outras paragens.
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